Encenador e actor icónico em Portugal, Luis Miguel Cintra nasceu em Madrid, em 1949. A sua ligação ao teatro começou em 1968, no Grupo de Teatro de Letras, quando frequentava o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Entre 1970 e 1972 frequentou o Acting Technical Course, da Bristol Old Vic Theatre School, graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Quando regressou a Portugal, fundou, com Jorge Silva Melo, o Teatro da Cornucópia, em 1973, onde dirigiu peças de grandes nomes do teatro como Ésquilo, Sófocles, Shakespeare, Brecht, Beckett, Strindberg, entre tantos outros, participando quase sempre como actor nas peças que encenava. Paralelamente, até à década de 1980, foi também crítico de teatro na revista O Tempo e o Modo e dirigiu a Colecção de Teatro Seara Nova, da editora Estampa, e a Colecção de Teatro, da editora Ulmeiro. Enquanto declamador, Luis Miguel Cintra gravou leituras integrais de Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, e Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, e poemas de Pessoa, Sophia, Camões, Antero ou Ruy Belo. Em 1987, Cintra estreia-se como encenador de ópera, com L'Enfant et les Sortilèges, de Ravel, e Dido e Eneias, de Purcell, no Teatro Nacional de S. Carlos, encenando nos anos seguintes óperas de Mozart, Haydn, Cherubini, entre outros. Colaborou ainda com o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos e com o Coro Gulbenkian, como recitante, em recitais de autores como Schubert, Liszt, Sati ou Poulenc. Em 1984 participou no Festival de Teatro da Bienal de Veneza com o seu grupo e em 1988 encenou o espectáculo La Mort du Prince et Autres Fragments, de Fernando Pessoa, para o Festival de Avignon, continuando depois a apresentar peças em Itália, França, Espanha ou Bélgica. A par do teatro, Luis Miguel Cintra iniciou cedo a sua carreira no cinema, estreando-se em 1970 numa curta de João César Monteiro. Até aos dias de hoje, participou em mais de setenta filmes, trabalhando com realizadores como o já referido César Monteiro, Paulo Rocha, Manoel de Oliveira, Joaquim Pinto, João Botelho, Teresa Villaverde, Pedro Costa ou o norte-americano John Malkovich. Das muitas distinções que já recebeu, destacam-se dois Prémios Bordalo da Casa da Imprensa para Melhor Interpretação em Cinema (1995) e Melhor Interpretação em Teatro (1997), dois Globos de Ouro para Personalidade do Ano em Teatro (1999) e Melhor Actor de Teatro (2003), o Prémio Universidade de Coimbra, em 2005, e o Prémio Pessoa, também em 2005. O LEFFEST irá homenagear o trabalho como actor de Luis Miguel Cintra, através de uma selecção dos filmes em que participou, e também como encenador, mostrando algumas das suas peças filmadas, seguidas de discussões com vários actores com quem trabalhou e com o público.