Brilhante pianista argentina, dotada de grande mestria técnica e de uma personalidade interpretativa carismática, Martha Argerich é unanimemente considerada pelos músicos da sua geração como a melhor pianista do mundo.


Nascida em Buenos Aires (1941), de ascendência catalã paterna e judia-russa materna, começa os estudos de piano aos 3 anos, aos 4 realiza o seu primeiro recital público, aos 5 é aluna do professor e pianista Vincenzo Scaramuzza e aos 8 dá o primeiro concerto formal, interpretando Mozart, Beethoven e Bach. Aos 14 anos parte com os pais para Viena, onde estuda com Friedrich Gulda (confessadamente o seu mais influente mentor), tendo também tido como professores outros prestigiados pianistas da época, como Nikita Magaloff e Stefan Askenase. Aos 16 anos, ganha notoriedade ao vencer, no espaço de três semanas, os dois mais importantes concursos de piano europeus (o de Genebra e o de Bolzano), o que a lança num intenso programa de concertos, culminando com a gravação, em 1960, do primeiro disco (para a Deutsche Grammophon). A vitória, aos 24 anos, no Concurso Chopin de Varsóvia é o passo decisivo para a sua carreira e reconhecimento internacionais.


Famosa pelas interpretações do grande repertório pianístico (Bach, Beethoven, Chopin, Schumann, Liszt, Debussy, Ravel, Bartók, Prokofiev), tendo trabalhado como solista com os mais famosos maestros e orquestras, Martha Argerich interessa-se, a partir dos anos 1980, pela música de câmara (encontrando nela um vasto campo de exploração e interacção com outros músicos, o que lhe permite contrariar a solidão que o palco sempre lhe provocou), multiplicando as colaborações com nomes como Gidon Kremer, Mischa Maisky, Itzhak Perlman, Nelson Freire ou Daniel Barenboim (compatriota e amigo de infância). Envolvida no apoio a jovens músicos, funda três festivais/concursos: o Festival de Beppu (no Japão), o Concurso Internacional de Piano de Buenos Aires e o Progetto Martha Argerich, em Lugano, na Suíça. Em 2002 é a protagonista do documentário Martha Argerich, conversation nocturne, realizado por Georges Gachot, onde revela memórias, faz confidências sobre as suas dúvidas e fala da paixão pelo piano e pela música que, ao tocar, encarna, tornando-a um nome incontornável na história da interpretação musical.


Em 2012, a filha mais nova, Stéphanie Argerich, realiza Bloody Daughter, um olhar íntimo sobre a mãe e um retrato de família, reunindo material filmado durante duas décadas por todo o mundo. O 10º Lisbon & Estoril Film Festival exibirá Bloody Daughter, contando com as presenças de Stéphanie e Martha Argerich, convidadas do Festival.